1991 - RALYE ALVARINHO (MONÇÃO)
RALYE ALVARINHO(MONÇÃO)1991
Neste ralye estavamos com muitas expectativas de podermos ficar em primeiro entre os Citroen AX pois o carro estava equipado com autoblocante e podiamos tirar partido disso. No entanto, eu nunca tinha conduzido um carro com autoblocante e, como o carro só ficou pronto para a prova, não nos deu tempo de o experimentar bem, só umas voltas. Uma das coisas que o Rui Bevilacqua sempre me dizia enquanto treinávamos era:
- “Carla, olha que o carro assim preparado tem comportamentos diferentes do que estás habituada. Não deves nunca colocar o pé no travão quando ele sai de traseira p.ex.. Deves saber também que puxa mais, tens de estar mais preparada para qualquer desvio de trajectória, acelarando sempre e nunca travando quando isso acontecer.”
Ele foi-me explicando sempre tudo com muito cuidado, para que eu estivesse preparada para a “grande experiência”.
Chegado o dia do Ralye, a emoção era muita e a experiência pouca(da minha parte, claro…) e lá fomos nós com objectivos para cumprir.
Nas primeiras classificativas estivemos bem, com um andamento regular ficando em 19º lugar no primeiro troço, em 8º no segundo e sempre a recuperar. Nesse segundo troço(Trute) estavamos a andar bem ficando com uma diferença de 8 segundos para o Parcídio Summavielle e disputando o primeiro lugar com ele, que era o candidato a vencer entre os AX. Isto de uma senhora andar á frente dos homens nem sempre é visto com bons olhos pelos mesmos, mas no meu caso não tenho do que me queixar, sempre me trataram com muito “amor e carinho”, pelo menos pela frente… J
Inicio do troço de Troporiz/Lapela , o nervosismo era bastante e a vontade de ganhar ainda maior. Numa “alheira e contra-alheira”, ou melhor, numa curva e contra-curva, no meio do troço, apanho um bocado de terra ao fazer a curva à direita e o carro foge-me de traseira, ligeiramente. O Rui ainda teve tempo de dizer, - acelera, acelera, gás, gás; mas eu não reagi como deveria, e instintivamente retiro o meu “delicado pé” do acelerador mas o suficiente para que o carro saísse de traseira, a uma velocidade que nem eu própria acreditei, e como era de esperar, atravessou-se rapidamente e foi embater num muro que estava mais à frente do lado esquerdo, e de seguida rodou sobre si mesmo até ao lado direito. O carro estava com a frente “feita num oito”, e eu estava inconsolável.
O Ralye tinha acabado naquele momento e eu estava de rastos. Quando acabou a “tortura” de ver os outros carros passar, fomos de imediato para o Hotel em Monção para acalmar os nervos e eu fui para o meu quarto tomar um banho e tentar esquecer.
Ainda estava a acabar de me arranjar, quando toca o telefone do quarto. Era da recepção:
- Dª Carla?
- Sim,sou eu
- Pedimos desculpa, mas está aqui um senhor que quer falar consigo…
- Um senhor? Quem é? – digo eu
- Ele diz que é do dono do muro que a senhora deitou abaixo, e quer saber quem é que vai pagar os estragos… Podia vir aqui por favor?!
- Eu já desço…
Bem, eu não queria acreditar no que estava a ouvir… Então eu ainda tinha de pagar o muro??!! Tenho de falar com o João Anjos, pensei eu. Vesti-me à pressa e desci até à recepção.
Quando saio do elevador, está o Rui Bevilacqua, o João Anjos, o João Rodo e os meus pais todos a rirem-se da minha cara de assustada… Mais um baptismo de “caloira” que recebi desta fantástica equipa que me acompanhou sempre J
Segue-se video para comprovar o descrito: